Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Coisa de Poeta, Nega!


Devo estar rígido das ideias...
Eunuco com ilusões demais.

Ah! Ora, minha preta,
Esqueça sua tigela.

Na janela fajuta, vem,
Vem ver a rima correr.

(Penso)
Devo amargar meus antigos
Meus alinhos e leitores.

Ah! Olhe comigo a centúria
Do passado. Veja o bonito.

(Rezo ao contrário)
Devo prender o ar.
Deixar as noviças
Açoitas de minha língua.

É a razão que o mundo procura.

Devo estar poeta louco
Sozinho no rebento de
Verso mole
Verso esporão
Verso senhorial-estúpido.

(Riso)
Ah! Ora, minha nega!
Nega, minha, que nunca...
Nunca lê linha minha

Essa me expulsa de teu corpo
Sem saber dos pecados
Que sou.

Devo estar menino-escravo
Livre o bastante de não querer
Dizer ao Conde de Lá Da Puta Que Pariu
Que verso meu
Só é mel
Em boca
De nega virgem
Nega boa.

Devo estar em Nice
Acompanhado de outros
No sanatório das ideologias.

Já não sei.

E Acabo conversa prosa
De poema dengo
Com a dúvida
Do que sou
E do que me faz (ser).

Enfim, poesia...

By Camila Passatuto

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sobre qualquer ironia


Sou de prazeres na vida.
De ser o mau ser
Amar em questões
Fazer distrair.

Assobios
Que de mim
Em mim
Te querem

Afazeres na vida.
Sou palhaço
Remo maresias
Faço distrair.

Longe daqui
Bate taverna
Palavras mansas.
Fácil distrair.

Meu sangue encanta
Molha praça
Quem quis e não quis...
Fácil destruir.

Tenho afazeres na vida
Não recebo em troca
Honra nem comida...
(É poesia feita sem escolta).

E os antigos
Que temem
Alamedas de vida
E longas prosas...

Ofereço o estender
Dos versos mesmos
Que te sempre
É tormenta.

E Por fim
O final me tem
Rezo palavras
Pecados adjuntos.

Puxe primeira rima
Irei soneto eterno
Por ti, divina
E não importa os riscos.

... sou só prazeres na vida.

 By Camila Passatuto

Divida


Desenrolou seus prazeres cedo demais, era uma narrativa confusa. Mas que ponteiro a que tempo? Ora! Era breve e tendencioso em seus sorrisos. Largo em brancura de pele, abatido pela febre dos homens. Meu jovem amigo sumiu em si, morreu por nada, sem almejar poesia e esqueceu-se de gravar suas preces.
Todo dia, quando a atmosfera da solidão fere nosso espaço, lembro-me dos dessabores que provava entre dissabores alternados. Não era de se acreditar em palavras ditas por donos de pastos. Ah! E todo dia vinha àquela liberdade que se fazia em criar.
Hoje... só flores sobre ti. O cheiro de morte sempre embrulha meu estomago, mareja meus olhos e enlouquece sua falta. E sei que desenrolou da vida um pergaminho que era meu, colocou no bolso de trás e nunca mais, sei lá o porquê... nunca mais me devolveu.

By Camila Passatuto

terça-feira, 12 de junho de 2012

Do que é mero e denso


Muros que me seguem,
Portanto, pulo e risos.

A preguiça tenta tomar conta
Ignoro as condições decassílabas
Penso em suas listras em mim.

Do outro lado do meu lado
Em uma vila qualquer
Deve queimar um cigarro
Implorando em malmequer.

(Crisântemos na janela)

Erros que te ferem,
Portanto, susto e grilos.

Eu tentei uma geração
Perturbei o sino da igreja
Recitei o mais alto verso
Que caiu por ti. Hoje,
Pro alto, arremesso...

Narro hora um talvez
De escritora pedinte,
Jovem alarme
E vida, talvez uísque...
Suspiro liberdade
E nos braços
Criança morta
Tatuada de passado.

Alinho meus textos
Em poesia sem rima
Moderna que não sou
Soou para eles
A revolta em paz
Que no futuro
Os matou.

E chegam os comprimidos
Que retardam minha mente
Mas a alma pula
Salta papel
Faz dos críticos
Meros dementes.

Da loucura.

Muros que me cercam,
Portanto, pulo e curto.

By Camila Passatuto

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Das pausas urbanas I

Ás vezes sinto falta de tinta na parede. E sem entender os transeuntes e seus baldes cheios, mancho a cidade com o meu vermelho de dentro - e rupestre que sou - desenho meu animal da alma, pingos e rabiscos assim te tinto, sem piedade do cinza que te faz... e me sirvo em tela murada... é que às vezes sinto falta de tinta na vida.

By Camila Passatuto

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Criança

Não entendo quase nada do que é, mas faminto que sou, das verdades que invento, compreendo os ventos... os que me arrastam sem o porquê de destinos e desvarios.

By Camila Passatuto

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O ensaio da queda dos Hipócritas (Parte I)


O chão propõe
E cavamos...
Procura de gente
Inútil por fim.

Os livros
Que te são
Sofrem
De poucas palavras.

Deixemos aos cuidados.
O gargalho liso
Overdose
Prévia de paraíso.

Subiu um tom
Recitou soluços
Aplausos
E foi-se sem verbo.

O chão dispõe
A noite fria
Virgulas famintas
Deita, poeta, deita.

Então,
O coro :
Fastidieux
Fastidieux, ami.

Télévisé
Télévisé
Cego, puto
Pobre em tudo.

Os livros
Que não te são
Sofrem
De roucas palavras.

Vibro
Pela rã
Sã de criar.

Cuspa o estilo
Deméter
Saberá (comerá)...

“Caros, amigos,
Começa hoje
O espetáculo
De falar.”

E deixam
Poeta
Fora (de fora)
Dentro de suas palavras.

Teatro cai.
Morre,
Naqueles,
O que podia ser.

O chão propõe...
E cavamos
Procura de gente,
Inútil, por fim.

By Camila Passatuto

Morte

Entre pelos trejeitos mais femininos e absorva a concordância de suas crias, pois estarei longe demais para salvar o que seja. Entre pelos trejeitos e absorva até sair cheio de saudade do que permaneceu. Filho, incesto será... sempre, cada vez que nasce você - em minha pobre-sucumbida mente - para romper (talvez) a virgindade do triste.
Saía (saia) pela filosofia mais descabida de paletó e tema as que u
sam ervas como deuses. Filho, entre pelos trejeitos femininos e dos meus conselhos... fuga atemporal de papéis. Foda as mulheres mais inteligentes e coma, sem dó, a carne dos homens tímidos. Não padeça por não ser. Seja pantano ou quase nada. Deixe de entender a vida no momento certo e cale a boca apenas quando a bala entrar pelos trejeitos mais feminos que pude acariciar.
By Camila Passatuto

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Carta ao Inimigo

Não adiante. Não creio em ruína acelerada de rancor. O pensamento garoa diagnósticos contrários ao governo que te lambe as pernas. Encontre a arma mais próxima e lute por vida sem tirar as possibilidades de seu inimigo cair em poço de vitória. Não adiante minha morte, pois o pó se vai ao vento; fidalgo de mistos homens, não adiante meu vício à minha alma, o combate é ideológico e psicótico? Só não atrasse nossa hora em batalha, o público chegou cedo e nos observou nus de guerra. Não adiante a espada que não uso a foice do entender. Não matemos antes do sino dançar, antes as mulheres se molharem e os velhos penetrarem a caverna de Hades. Por fim, ladainho. Por começo, não adiante - mais uma vez - não adiante o rancor. 


By Camila Passatuto

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ao meu filho: poesia

Meu menino de olhos claros e alma negra.
Ao dizer cerra os dentes...  Sussurra tímido
"Salve em mim alguma poesia”.

Menino de olhos pedintes e mente canina,
Para ti apenas breve prosa de observar.

Enquanto acaricia suas melodias sujas,
Estarei do outro lado
Em afago de ternura e fuga.

Quando romper madrugada
Sem inspiração de universo,
Lá estarei para o reencontro
De verbetes não-poéticos,

loucos e risonhos
por alguma percepção aflorada
Seremos o dedilhar de mistério maior.

Meu menino que se mata toda noite...
Descansa seu suicídio nos versos.
... Eu nunca poderei ceder aos fatos...

Descalça minhas palavras e cante
Canto qualquer no inferno...

Saudade e útero
Resto, filho,
Em meu desejo-nobre,
Assexuado e materno.

By Camila Passatuto

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Pula II

Tentamos permanecer, mas o correr de si supera... e navegamos pelo impreciso do não saber por onde. Tentamos permanecer, mas a vida empurra e diz: Vai, menino, faz céu do abismo.

By Camila Passatuto

sábado, 28 de abril de 2012

A Carta dos Cinco Autores


Desculpe por hoje, pelo o “eu te amo” em prantos, pela tormenta que só em mim surgiu. Desculpe pelo piano maluco, sem notas de nós, pobre o bastante para acordes e acordos, meninas e amores... É de desculpa minha carta final, ao lado do livro e da página marcada com bilhete em recado, com a proposta de outras vidas. Perdão ao pecado que não pude cometer. Matar. Quem sabe... Morrer.

Apanho alguma ladeira que ficou para depois, aconteço em folha de papel e olha só... Veias dilatadas por remédios planejados em salas brancas, dizem que curam o meu escuro. Ah! Qual estilo vai perder a razão entre linhas? E me desculpa por falar sem poesia naquele que era o melhor olhar de promessas.

Encontro desmotivado o poder de adiantar, ora menino, ora mulher. Um dia poema, no outro... Nem rima, em sacola plástica daquele odor, nem isso, oh, mãe, nem isso, mulher.

Desculpe pela literatura perdida em mentes vadias, que conta pequenas histórias ao versar de mim. Não. Não me chame poeta, pois sou a desculpa tímida de Deus, sou a máquina de escrever do diabo e a salvação de almas sonhadoras. Não sei de anjos, mas permaneço em pulo ensolarado da menina-ouro, filha de mãe-raio e desejo que futuro prometeu.

Sem mais estender meu falso lamento, peço que não arranje predador nenhum para tua carne. Leia os livros amarelados e dê muita atenção aos bilhetes, à poesia que te foge e ao poeta que mira, toda noite, sua doce e robusta morte.

By Camila Passatuto

domingo, 22 de abril de 2012

Túmulo de ontem (branco ou versado)


A folhagem que cobre o corpo,
Respeita cor amarelada
Envergonha os pastores...
É relva que se recolhe precipitada.

Seu riso nulo
Em tempo concreto
Versa medonho
Soluços de menino.

No verde dos adjuntos
Utilizo o simples
Para adormecer
Rubro penar que insiste.

A folhagem come o corpo
Menina-adubo, aqui,
Já não nasce
Mais sonhos.

E o terno amassado
Descontrola
O escrever censurado...
Pobre do poeta que chora.

E o gozo atrasado
Dorme em desalinho
Sem respeitar nossas cores
Levando contigo, de mim, os amores.

By Camila Passatuto

domingo, 8 de abril de 2012

Ao livro que te nasce sou título sem vírgula

(abre cortina violeta)

Agulhas de amanhecer
Filho, cuidado.
O despertar da vida
Dói e evapora rápido.

(cai o chão)

Ruas e asfaltos
As faltas que surgem.
Fumaças estupram
O melhor de nós, amor.

(nudez de si)

Já em lágrimas
Pobre criatura
Afoga seu querer
Em esperança de arte.

(canivete no fumo)

Por mais espalhar
Rico de palavras
Velho falha
Em Verso- Menino.

(reunião com os clássicos)

Comprimidos
Amassam seu explodir
E narrador em gole
Pausa tarde o por vir.

(fuga de espetáculo)

Agulhas de morrer
Em si, amigo...
Ensina e vai
Na tenra caminhada.

E eu aflito.

(silêncio de boca)

By Camila Passatuto

domingo, 1 de abril de 2012

Razão e Fome


Por colibris que atentam minha mente
Permaneço vão em vácuo, meu amigo.
Díspares de poetas famintos pela noite
Eu, cá em loucura, caço meus pássaros.

O ritmo é assexuado e vagaroso,
As linhas anulam expansão, em mim.
Do outro lado do muro
Talvez liberdade e no corpo carmim.

É hora de fluoxetina no torso, meu pai.
Assovios apressados pulam percepção
E sua escrita desvai pelos becos
Urbanos de éter e nulos da pouca razão.

By Camila Passatuto

segunda-feira, 26 de março de 2012

Três e terço

(Mãos dadas) A diferença de tonalidades em harmonia difere do oposto de temperatura... Cor mais quente sensação fria, cor fria sensação quente, cor que mescla é confusão.
Trêmulo o triangulo sem base. (A ação)
 (Ruptura) O aborto do outro e do outro, em mim não é vazio, apenas a percepção do molde que a mão esquerda sempre foi. Só, morna, parda e minha.

By Camila Passatuto

Nós


Esperamos em singular
Cada gota de razão
Sem métrica
E Repetição.

Somos atolados
Bitolados de si
Comunicamos
Entrelaçados.

Nula rima
Asperos esquemas
Entre tralhas
Pousa nossa alma e poema.

By Camila Passatuto

quarta-feira, 21 de março de 2012

Tédio na rua 5


Queimado do bafo de aço.
Ai! Fuligem de mim
Em casa espera pão
Que amassa o coisa ruim.

Desfigurado do perdão
Que morreu sob pneus
Permaneço sem...
Reviro-te o resto.

Em banco de praça
(Observoou)
A tristeza-puta
Sobe em mim escadas.

E como homem moderno
Abro um livro velho
Ignoro meu pensar:
“Verso branco é sem rimar”

By Camila Passatuto