Eu apertei forte a vontade de escapar.
Derreti as possibilidades de entender o júri que ria, consumia... Arrepiava
minha pele com o terror mais suave que já pude saborear.
Não havia nada que poderia haver. Um jeito estranho de afastar a condenação.
A morte que colocaram em minhas mãos... eu nunca pude cometer. Jamais
engoli os órgãos, retirei os ossos e beijei a pele solta do corpo infantil,
pequeno e tímido de vida.
Eu quis chorar as lagrimas dos fortes, dizer que jamais.
Poderia o homem perdoar o inexistente? Os cães ladravam dentro dos
ternos e eu injetava a falsa calma em cada um de meus poros. Eu gemia por
dentro e a vontade exorbitante de vomitar não passava. Pensei que não iria
aguentar nem mais uma vírgula, nem mais uma interrogação.
Eu estava nu diante aquelas pessoas. Todas com uma foice na mão, com o
ódio a dominar o sentir. Eu estava sozinho, garoto pequeno e sem cobertor.
Consumado.
A morte me levou à morte.
Os passos que dava eram tão pesados, fartos do fado de crime. Eu caí. Debati.
Rompi todas as dores em um grito que rasgou minha alma ao meio.
Apunhalaram meu respeito pela nuca e segui tonto. Tonto daquela justiça
estranha, cega, surda e burra.
Senti as agulhas, a cadeira, os tiros e as mordidas. Os pregos de
minha cruz eram grossos demais. Deixaram meu corpo aos leões de Judá. Israel quis matar Al
Capone. Hitler foi assaltado por Collor e o mundo rodava ao contrario.
Vi a dor daquela mãe partir. Partir junto a minha alma desesperada - e
perdida a cada alteração de brisa. Eu vi os jornais alegrarem os cristãos com a
ida daquele que nunca quis endoidecer em homicídio oculto aos olhos que ali não
estavam em sangue.
E já estavam todos livres enquanto eu apertava forte a vontade desvairada
de ficar.
By Camila Passatuto
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