Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Desamor

Há tempos não vejo teus olhos,

Não sei o chá que te levanta,
Nem tenho tempo para isso.

(Desculpa)

Eu tenho é apenas uma ideia na cabeça

E você corre para uma praia qualquer,
Sangra tão bonito quando chora...

E passa mais uma hora.

Faz tempo que não pulo uma canção
Daquelas que te enche a alma

É que, meu bem,
Machuquei o coração
Em uma dessas ruas asfaltadas.

É que murchei o amor
Nessa estufa de tanto faz.

Faz tempo que não te amo,
Mas é que a vida passa torta

E não tenho tempo para mais nada
A não ser regar minhas dores
Mortas.


By Camila Passatuto

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

12/07/1882

Na guia a cabeça repousa após o encontro bruto,
Daqui posso ver o ritmo da cidade, tão alucinado,
Os pés bem calçados e as rodas a brincar de ir e vir.

Os olhos vermelhos de tanta vida a escorrer pela testa.
Meus olhos de menino travesso, que a avenida já não atravessa.

A polícia avisa que o caos está no chão,
atrapalhando o doce.

Vozes embalam minha mente, que dói aos poucos
Preta fica e dói mais um pouco.
Não pensar e sentir, rói em mim, também.

O corpo descansa,
enquanto eles pensam em remover,

Canto baixinho
Um ninar para minha alma.

Logo acaba
É um sopro que vai chegar
Logo vem
Um para sempre a ficar.

E daqui tudo é tão grande
Um choro amiúda meu instante
Talvez uma fêmea, talvez uma mãe, um amigo
Um doente que sente demais...

E antes que pudesse o poder
Tão antes do querer
As coisas acontecem, de um jeito chato
Sem poética
Sem rima

Embola uma revolta
Sem métrica
Sem mestre

E dessa vida insone,
Como se fosse fácil dormir,
Vamos embora

Assim,
Deitados no meio fio,
corpo franzino,
No meio do dia,
Que assiste, tolo,
Nossa ida.

By Camila Passatuto

Dose

Tantos poemas em um só,
Foi bobo um verso.

Levanta, corre,
Escorre na vida
O quanto puder.

(Manchas em algum Niemeyer.
Deixe o menino pintar, seu doutor,
Mais tarde a gente vê no que dá.)

Entoa um clássico
Bem aqui
Abaixo do meu samba

E na hora do amor
Não deixe o cinza da cidade
Tossir em nós
Alguma culpa.

Coloca, meu bem,
Mais calmante na pele morena
E overdose em mim, assim,
O quanto puder...


By Camila Passatuto

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Guia 9

Quero comer Pagu,
Sem remorso.

Tragar um dia quente,
Injetar felicidade

De palavras ociosas,
Farei o trabalho escravo.

O suor na tez
Migalha o dia do rei

E estarei a conceber
O verso final

Sem amor,
Com a pele alva
De mulher calada

Versarei aos loucos
Um dia a voar

Serei inteira
Nesta minha metade
De vida

Farei versos,
Versos de fornilho...

Logo após Pagu.

By Camila Passatuto