Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Recolher

Temo uma vida longa
Com minutos calmos
Tempos perdidos
Horas chorosas.

Debruço e acalmo o meu dia.
Pela janela uma parede amarela
Rouba qualquer novidade a mim.

As alternativas são binárias
Não me aquecem

Os amores estão proibidos,
Mansos e pálidos.

Temo por vida
Que segue.

Debruço e me espero
Para o ponto final
Dos vinte e poucos
Soldados caídos.

As razões são simples
(O governo também)

Tanta miséria de osso
De cabeça e pouco menos.

Suportar a pele rachar
Seria pacífico demais

E me lanço ao mar
Que marola a nossa vida.

By Camila Passatuto

Pardon par la peur

Sobre o vandalismo de ontem à noite
Peço recolhidas desculpas.

As felinas sempre muito selvagens
Rasgaram meu sofá
E levaram parte, infante, de minha madrugada.

Reconheço um roxo na coxa
Talvez um corpo contra outro
Sobre um embaixo de dois.

Rabiscamos - algum poeta russo -
Em todas as paredes
E degustamos, em suave piedade,
Uma bebida que escorria.

Peço desculpas pelo prazer voyeur
Pelas batidas rítmicas
Do samba lírico
Que escaldou minhas meninas.

Compenso tudo
Com Barrett na vitrola até o meio dia
Podem entrar e beber à la carte

Talvez outra fome
Outras carnes
Caso queiram saciar
Suas vontades...

By Camila Passatuto

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Nosso Nirvana

O mundo nos dá feridas já cicatrizadas.
Basta florescer entre pernas
Será batizado pelas guerras,
Bombas e retalhos antigos.

Jogam sua alma sem você saber
É uma partida perigosa
E seu corpo apenas caminha
Sem ressentimento.

Usam suas mãos para manipulações
Tão ultrajantes.
E você é apenas um jovem faminto
Um leão sem selva.

Queremos apenas a arte
De inspirar e aspirar o medo

Mas quem entende?

Fode uma poesia qualquer
E o sentido é inalado.

O mundo recolhe nossa existência
E o que fica é isso
O ofício de extravagar
Revolta e amor.

By Camila Passatuto 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dos poderes vãos

Eu posso recitar o mundo inteiro
No tronco da hipocrisia  

Basta venerar os homens cegos
Com machados em demasia.

Eu posso morrer
Aos poucos

Por pura teimosia.

Basta calar os versos
Dessa louca poesia.

By Camila Passatuto

Render

Tantas vezes o mesmo soco na parede,
Faltou o ar.

Você pode ver o quanto não posso.
(Travei as emoções)

Diga aos que possuem armas:
'Sustentem a paz com sangue.'

E mesmo assim não terá dito...

Tantas vezes um mesmo verso
Na vida que se vai

Hoje me chego com tinta
Sem prosear tanto
Colosso de vermelho no abdômen.

Ora, meu amor,
Morrer sem querer já se fez acalanto desde sempre.

Aceita,
me ajeita 
e geme.

By Camila Passatuto

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Querer Mundo

A alma sofre de cimeiro,
Embora tão baixo fique

Assombra o planar,
Fausto das noites,
Dos olhos em vertigem.

Por tudo mais alto
Tão em cima,
A cruciar meus ares,
Luar em menina.

Cala teus preceitos
Afoba sua senectude

És ainda
Jovem
Em pecado.

E a alma pretérita
Assume o corpo novo.

"Minha alma sofre de cimeiro
Cá embaixo desse céu."

Pula que quer estrelas,
Revel que tanto é!

By Camila Passatuto