Vivo para o adeus das mãos quentes
Das crianças redondas, dos dentes
Das moças fáceis, dos vestidos
Das praças em fumaças, dos peixes.
Vivo para o esquecimento global
Dos meus versos, dos seus restos
Dos antigos, dos que não nascem
Dos maus vistos, dos decassílabos.
Vivo para a morte precoce que ronda
De noite com frio, de medo infantil
De poeira em espirro, de ar em suspiro
De rima torta, de segurança em escolta.
Vivo para a literatura da verdade atual
Espero no alto da sacada o carteiro,
Com as verdades capitalistas sem receio,
Descanso ao rasgar a vitalidade da mentira.
E só assim, com liberdade ou não,
Vivo meio poeta
Morro inteiro poesia.
By Camila Passatuto