Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


domingo, 26 de junho de 2011

Breve história

Eu saí por aí. Vi muitos homens sem futuro de estrada, vi algumas crianças morrerem por falta de leito no rio de homens brancos.
Eu andei rua deserta com tanta gente na cabeça... de Hitler até o padre da paróquia onde eu me refugiava em todas as folgas de meu pai. Tanta gente na cabeça, mas eu andei leve. Eu pulei armadilhas de inimigos, dancei ao ritmo do escape elegante.
Eu vivi em várias camas, fiquei algum tempo em algumas, onde serviam o café da tolerância que sempre amargava algo em minha boca.
Eu vivi várias heranças, aproveitei dos que me aproveitavam. Gastei em alegria cada centavo.
Eu chorei amor perdido, amei como um cão louco, como um rapaz moço, como um ancião cauteloso; eu amei como todos e como nenhum.
Eu vi partir amigos, eu vi chegar mulheres fáceis que difícil na vida só tinha o sonho da minha conquista.
Eu esperei meus filhos saírem do sangue que derramei, ali... Tão rubro no chão, e me continuarem por esse vasto mundão.
Eu finalizei todas as histórias com esperança, pisei firme os vermes e transei breve com quem mais pudesse.
Eu fui e hoje não cais e hoje não porto.
Eu fluí e hoje sou simples mar morto, sem peixes, sem vida... Sou aonde desemboca seu esgoto.

By Camila Passatuto

3 comentários:

Felipe Carriço disse...

Quanto egocentrismo! Rs...

Brincadeira. Adorei cada uma das fazes desta breve história.

E afinal, no final, todos terminamos assim.

Lívia disse...

Sempre magnífica!

Evandro de Souza Gomes disse...

Camila, minha Poetinha.
Teu texto sempre é lâmina.
Sempre corta fundo.
Mas deixa um gosto dúbio
na língua do coração.
Às vezes, doce. Outras, sal.
Mas eu já saquei há tempos...
és soro caseiro... ou melhor
Toda essa tua poesia é Mundo Inteiro.

Pra Sempre Contigo!

Um beijão do poeta e amigo,

Evandro Gomes