Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


quinta-feira, 24 de março de 2011

Relato.

Em C me acomodo num canto pequeno da pequena cama de casal. O dia não foi bom, mas não foi de todo mal. Eu senti febre, eu senti o corpo cair e não pude intervir; eu já não sinto mais nada depois de muito tombo ao tentar subir a escada.
Hoje eu permaneci sem vida por alguns segundos, ninguém percebeu. Melhor assim, velório precipitado é muito ruim.
O corpo queimou, o braço adormeceu e o mundo que sempre parecia tão parado, girou apressado quebrando os espelhos do meu equilíbrio.
Hoje eu me senti só. Sem pessoas e sem um Deus que me falasse que hora, que tempo, que vida me pertencia diante daquele desespero de se tornar etéreo.
Eu não liguei para quem eu tinha que ligar, eu não abracei quem eu tinha que abraçar, eu não falei e não gritei o que tinha que libertar. Eu não tive tempo, hoje tudo estava escasso...  Minhas coisas e eu começamos a querer nos travestir de nada, e numa nota de jornal, virar importante relato.

By Camila Passatuto

quarta-feira, 16 de março de 2011

Save 2011

Entorpecido que não cala
Não fala e não nada.
Modernos,
Retrocederam-se os verbos.

Humanos e suas psiques,
Eros e sua Psiquê.
Um caso de amor...
Sempre à espera do errado.

Integraram o que comunica,
Lavaram o dinheiro,
Esqueceram...
Não importa a pobre rima.

E o homem atropela os motores
Piou um ser vivo. Silêncio.
Mas era só
Passarinho.

Entorpecido não vive
Não vê, não.
Não rime.

Deixe isso aos loucos.

Humanóides,
Cópia que copia
A razão
Falsa de uma livre e utópica... Salvação.

By Camila Passatuto

quarta-feira, 2 de março de 2011

Inapetência Nervosa

Fraco dos olhos,

A pele vai sobrando.

Carne, só no prato...

Não mastiga vida.


Fraco dos ossos,

O sorriso vai sumindo.

Tosse, escape das ânsias.

Não há mais estima.


A garoa da velha cidade

Guarda sua chuva

Na alma...

Egoísta que é não divide; dor.


Os carros dançam em linha reta...

Alguém para observar sua queda?

Fraco dos pedidos

Perdeu-se ao pedir ajuda...


E a vida vai...

Vai caminhando devagar

Para longe do corpo

Corpo meio assim... Sem jeito...

Meio assim

Sem dono...


By Camila Passatuto