A morte não dói. O que dói é o que a antecede.
Meu amigo, morrer não faz mal. E não chore quando se lembrar dos dias chinelos que levamos.
Morrer é verbo breve. Dura apenas alguns segundos.
Não chore minha ida. Chore a vida que levei, isso sim. Chore meus falsos sorrisos que tinham o objetivo de salvação.
A morte é dama suprema, nos liberta e é caminho de grandes oportunidades.
Morrer não é escuro.
Olhe para mim; sou alvo e desperto, depois de tudo.
Não lamente a perda. Lastime minhas dores sobre essa terra, isso sim.
Meu amigo, ir embora é ação. Não me imagine inerte no caixão.
Hoje eu sou vai e vem, sou vento, sou bater de asas. Não sou mais um corpo cansado e moreno esperando socorro.
Hoje eu sou vai e vem, sou vento, sou bater de asas. Não sou mais um corpo cansado e moreno esperando socorro.
A morte é amiga. Chega de leve, nos oferece um sorriso, elogia nossa roupa e quando notamos... Ela já entrou sem pedir, sempre nos arrancando o riso, não é?
Meu amigo, não fale de tanta falta... Hoje estou bem mais recheado do que antes. Daqui eu posso tê-los aos montes, aos lagos, aos olhos, aos sonhos que sempre sonhei.
Morrer não é cheiro de crisântemos e madeira boa. Rosto molhado ou roupas negras.
Morrer é instante. Depois, só vida.
Meu amigo... Entenda que quando abre a janela e sente a brisa, lá estou para mais um bom dia. Quando chega tarde e perde as chaves, lá estou... Eu rindo de seus alardes.
Morrer não é se ausentar. É estar em toda parte, esparramado do jeito que dá.
Morrer não é fim de arco-íris, é o pote de ouro enriquecendo a alma de quem bem quis.
Meu amigo, não se pergunte o que será de nossas vidas. Eu cá e você aí...
Eu aí e você cá... Talvez seja assim.
Eu aí e você cá... Talvez seja assim.
Cante nossa poesia por aí, porque morrer não é parar.
Para ti deixei meus versos e cabe a você, meu anjo terrestre, os gritar...
By Camila Passatuto