Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Alforria

Pelas ruas em festa, seu temor.
Quanta liberdade ainda nos resta?
São fases, meu amigo, sem cartazes,
Sem dizeres do suposto fim.

Correm crianças calçadas...
No portão, conversa descalça.
Não mais importante pensar.
Agora se é livre para sonhar.

Nos colégios o que se ouve?
O que houve com a vitalidade?
São jovens, por pouco, covardes;
Filhos dos filhos da tal liberdade.

Verso se perde em entulho,
Cospem em pensamentos...
Querem nada que sonha,
Liberdade pariu peçonha.

Pela rua em festa, o poeta.
Pessimismo de lado, exige.
Mais um gole a favor.
Mais um filho com temor.

E quem se prendeu ao obetivo...(?)
Corre por aí um sorriso.
Liberdade em alto estilo
Só por hoje não faz sentido.

By Camila Passatuto

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Não. (Poema nove meses)

Não saí de ti, não descobri a brisa,
Nem bebi da fonte de seus seios.
Não senti teus arreios, que pena.
Não fui alarme de sonhos teus.

Não implorei sua atenção nos domingos.
Nem te ofereci a felicidade do que fui,
Não desobedeci tuas regras,
Não rimei teus palavrões.

Não te coloquei o primeiro fio branco,
Que em ti foi alarde.
Não vomitei em teus pés...
Nem chorei para que comprasse chocolate.

Não me viu cair a primeira vez
Nem à segunda
Nem no infinito sábado de aleluia.
Não sonhou que eu fazia fortuna.

Não corrigiu meu português...
Nem nada
Que todas fazem...
Todas iguais. Iguais a você.

Não te grito sonoramente.
Não te assino formalmente.
Mas quando abraça, me sossega
E de meus lábios a palavra 'Mãe' quase escorrega...

By Camila Passatuto

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Menina

Olha, menina minha,
De suas lágrimas
Fez-se o lindo lago
Que te banhas feliz.

Olha, minha menina,
Curei as cicatrizes...
A pele está macia,
Agora acaricia.

Olha, menina linda,
Abre teu sorriso,
É nisso que eu
Sempre me inspiro.

Olha, menina minha,
Me inventa
Me ausenta.
Policia minhas malícias.

E caso o acaso quebrar
Os sonhos dos versos...
Lembra, minha menina,
Tudo na vida reinicia...

By Camila Passatuto

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Prosa Morta

O corpo todo tremia, estremecia.
Gemia em fêmea dor, menina.
O corte profundo de alma, resolve.
Aquela agonia respeitável, amém.

Sobre meus ombros, seus açoites,
Sem minhas rasas rimas, a noite.
Seu sangue ralo, minha loucura densa.
Geme fêmea. Repete versos, elegância.

Horda inversa, devora meu silêncio.
Treme reajuste descalço. Eu tremo.
Virgem, o quanto custa?... Sangra.
Seu sangue ralo, de alma o corte, resolve.

O corpo todo tremia, estremecia,
Mal eu sabia em noite de esquiva
Que o corpo que, ali, em mim caia
Era prosa de mulher, prazer sem poesia...

By Camila Passatuto