Biografia da Autora

Camila Passatuto nasceu em 1988, na cidade de São Paulo. Autora dos livros "Nequice: Lapso na Função Supressora" (Editora Penalux, 2018) e "TW: Para ler com a cabeça entre o poste e a calçada" (Editora Penalux, 2017).

Editora do projeto editorial O Último Leitor Morreu (conheça o projeto e as publicações). Escreve desde os 11 anos e começou a atuar nos meios digitais, com blogs de poesias e participações em diversas revistas e projetos literários, em 2007.

Contato: camila.passatuto@gmail.com


sábado, 17 de abril de 2010

Poema doente


Não consigo escrever

Existe um vazio em mim

Um susto, um estado de choque

Não consigo

Desculpe-me

As palavras não têm vontade de moldar

Na cadeira

Com o lápis e papel

Possuídos

Mãos que não conseguem parar de tremer


Não consigo escrever


Pensamentos morreram

O som não inspira

Ácido demais

Tudo isso

Dá queimação


Um estado de choque bateu em mim

Desculpe-me


Criança assustada

Chora

Abraça um trauma por toda vida


Poeta assustado

Pára

Beija um desespero a cada minuto

Na cadeira

Com o lápis e papel


E se você passar

Por perto de mim

Descalça e sem sentido

Saiba que não consigo


Beije-me os lábios

E se você quiser salvar

Coloque-se em meu colo

Tire meu susto


Não consigo escrever


Olhos não vão estreitos

E sim largos, (ou lagos)

De lágrimas

Sou poeta assustado


Sozinho

Sem bar

Sem mar

Sem tudo isso que dá queimação


Não consigo escrever


Peça insensata incutida

Nos moldes simples

Da minha fé

E não consigo, meu amor...


Eu simplesmente não consigo escrever.


By Camila Passatuto

12 comentários:

Siguilita disse...

certas vezes fica impossível escrever... abs

Anônimo disse...

Acho que você se enganou, consegue sim! rs

União Colorida disse...

Que bela poema! Magnífico! Falta de inspiração é quase morte para um poeta. Mas você, como boa escritora, encontrou no vazio o núcleo de inspiração. Adorei! Que lindo... As vezes entro em desespero quando não consigo passar para o papel a guerra de minha mente. Vou divulgar este poema no Twitter. Me segue lá... Deixa um Oi Mister Neurotic, que eu te sigo de volta xD @Neurotic_Mud

Gabriel Pozzi disse...

Olá!
Estou numa fase um pouco enjoada de poemas, faz tempo que não os escrevo, e não estou com o mesmo pique antigo de interpretar e reinterpretar as brincadeiras poéticas alheias... No entanto, mesmo nessa fase chata que estou, gostei bastante do seu poema, gosto de contradições e pessoas que falam sobre a fraqueza de forma a enfraquecê-la (outro paradoxo).
Enfim, gostei! :)

http://songsweetsong.blogspot.com/

Uvirgilio disse...

Ta enganando o pessoal hein menina, escreve muito, queria eu escrever assim.

Max disse...

Quando comecei a ler achei poema chatinho e pensei "Aiai, mais um daqueles poeminhas sem sentido", mas a partir da segunda estrófe comecei a gostar! Muito bom, é do tipo de post que você começa lendo e acha que é mais algo comum e sem originalidade, mas ai no meio, "PUFF", você toma uma bofetada na cara e gosta do post :D

Marcelo Augusto disse...

Acabou escrevendo um poema potente, que narra a incapacidade de escrever ou até mesmo a incapacidade de acreditar em si. Excelente texto

LightSpeed disse...

se não consegue escrever assim,imagine se escreve-se.

Jesielle disse...

Bacana demais! Imagina então se conseguisse escrever! Parabéns pelo lindo dom que você tem!

Anônimo disse...

Pois é, aquilo que parecia impossível aconteceu. Você escreveu.
Poeta é assim mesmo, não precisa de muito pra poetisar.
Como preferem dizer alguns, "as melhores poesias são concebidas mediante intenso sofrimento".

indivídua disse...

lindo. eu te entendo... sem mais

http://celuliteseoutrasestranhezasdemulher.blogspot.com/

Gutt e Ariane disse...

Tb escrevo alguns poemas de vez em quando Camila!
Já fiz mtos versos assim, em momentos "sem inspiração"! rsrs!
Acredite: esses são os melhores...

Ariane
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http://bloggalemdoqueseve.blogspot.com/
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